segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Mitos e verdades de Indiana Jones (Parte 2/4)

INDIANA JONES E O TEMPLO DA PERDIÇÃO 

>>>MAPA DA MINA
Lançamento: 1984
Harrison Ford tinha: 41 anos
Bilheteria: US$ 333 milhões
Sinopse: Em 1935 (um ano antes de "Caçadores"), Indy foge da China em um avião que cai no lado indiano do Himalaia. Lá, encontra uma aldeia devastada pelos fanáticos thuggee, que roubaram suas crianças e sua pedra sagrada

Inimigo íntimo: Jones prestes a ser enforcado por um guerreiro thuggee
Na começo do filme, Indy tenta obter um diamante de gângsteres chineses. Que diamante é esse?
É o "Olho do Pavão", justamente um dos dois olhos de uma estátua de pavão que Alexandre, o Grande, mandou construir para selar sua amizade com os indianos. Indiana buscava o diamante havia 17 anos, como foi mostrado na série de TV "O Jovem Indiana Jones", exibida nos anos 1990.
Quando cai na Índia, o aventureiro encontra uma vila onde o pessoal está transtornado porque roubaram sua pedra sagrada e suas crianças - necessariamente nessa ordem. Existem pedras sagradas no hinduísmo?
E como. Frank Usarski, cientista da religião com especialização em religiões orientais, da PUC-SP, explica que "o hinduísmo é monista, ou seja, defende a identidade entre sagrado e profano". Assim, uma simples vaca é um símbolo sagrado do reino animal, a planta tulsi, do reino vegetal, e o guru é símbolo da divindade humana. "Algo semelhante vale para pedras e minerais, que têm qualidades (em termos new age: "energias") que podem ser usadas para nosso bem-estar", diz.
O professor Usarski conta que as pedras mais veneradas são aquelas que mostram cores, matizes ou gravuras naturais ou têm uma forma que lembra o símbolo de alguma divindade. São justamente as pedras que aparecem no filme, as Shiva Linga ou simplesmente "lingam", cuja forma cônica é associada ao pênis do deus Shiva. Em muitos templos de Shiva, a divindade é representada "apenas" por um "lingam". Há lingans artesanais, feitos de pedra ou madeira, mas os mais valorizados são encontrados na natureza já com a forma fálica.
FESTIM DIABÓLICO
Mau apetite: jantar exótico foi censurado na Índia
Uma das cenas mais lembradas do filme é um jantar pra lá de exótico: besouros, cobras, insetos e cérebro de macaco. Bom, na Índia as pessoas comem besouros sim. (Aliás, considere-se um fresco: 2/3 da humanidade come insetos). Mas cobras não são parte do cardápio. Já cérebros de macaco (qualquer parte deles) e olhos são sagrados, ou seja, passam longe da cozinha. Os olhos são símbolos da deusa Shiwwva (que tem três, para ver passado, presente e futuro), e os macacos são reverenciados por causa dos hanuman, uma mistura de macaco e humano.
Sim, todos esses pratos são muito apreciados no país vizinho, a China, que não chegou a 1,3 bilhão de habitantes por acaso. Na verdade, tudo que o diretor Steven Spielberg queria, do alto da sua ignorância gastronômica, era mostrar um jantar com as coisas mais nojentas possíveis. Deu azar: o filme foi considerado um acinte na Índia, de chegou a ser banido.
Os saqueadores da vila estão envolvidos com coisas sinistras, como mutilação e sacrifício humano. Isso faz parte da religião hindu?
Há opiniões controversas sobre a existência de sacrifício humano no hinduísmo primitivo. O hino "Purusha Sukta", por exemplo, fala do sacrifício de um gigante primordial. "Pode ser uma alusão a sacrifícios de tempos pré-históricos, mas também pode não ser", diz Frank Usarski. De uma maneira geral, ocorreu um processo de "sublimação" dentro do hinduísmo, que fez com que fossem abolidos até os sacrifícios de animais. As principais oferendas às divindades hindus são ghee (manteiga purificada), flores, arroz e incenso. Usarski observa: "É importante ressaltar que estamos falando de hinduísmo elaborado, não sobre cultos locais que têm suas origens em práticas xamanistas".
É aí que entram os vilões do filme, os thuggee?
Os thuggees (que originou o inglês "thug"; criminoso) formavam uma fraternidade secreta de assassinos, cujas origens e ritos até hoje geram especulações e fantasias. Eles cometiam sacrifícios humanos em nome da divindade feminina Bhavani (uma forma da deusa Kali, a da morte e da destruição). Eles atuavam principalmente no norte e no estado de Uttar Pradesh (nordeste da Índia), onde fica a cidade de Mirzapur, seu centro de peregrinação. As autoridades inglesas começaram a se preocupar com os thuggees a partir de 1799, mas medidas drásticas foram tomadas apenas a partir de 1831. O último thuggee conhecido morreu na forca em 1882, 50 anos antes de quando se passa o filme.



Continua...

Fonte: http://revistagalileu.globo.com

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